André Gabeh, roteirista de ‘Vai que Cola’, expõe injustiça: “Não exagerei”

Segundo rumores, atores do humorístico teriam pedido a demissão dele pelo texto incongruente

André Gabeh, roteirista demitido do humorístico ‘Vai Que Cola’, do Multishow, se pronunciou no Facebook, na última quarta-feira (23), após a carta da equipe do programa o apoiando. Como contamos aqui no Pop10, André foi dispensado e os ex-colegas afirmam que ele sofria perseguição por uma parte do elenco.

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“Fingir que nada está acontecendo seria desrespeitoso com pessoas queridas que foram expostas em uma ação que me favorecia”, começou ele, negando especulações de que ele colocaria textos com teor político ou social no ‘Vai que Cola’ e, por isso, teria sido demitido: “Eu nunca escrevi nada político ou militante em nenhum texto meu do Vai que Cola. Mesmo se eu surtasse e escrevesse algo desse tipo, os meus supervisores tirariam do texto. E, como somos orientandos a não falar nada nesse sentido, aí sim eu teria uma demissão justa. Mas repito: nunca escrevi uma linha política ou militante para o programa supra citado”. 

Na sequência, ele agradeceu pelos roteiristas que ficaram ao lado dele e também a ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas) e, sem se aprofundar no site, admitiu: “Hoje quem ler o que eles escreveram vai saber que eu não exagerei quando falei sobre a injustiça que sofri, sobre a maldade que me fizeram e que tive que pisar em ovos pra expor, porque o lado mais fraco da corda sempre tem que tomar cuidado pra nunca mais ser chamado pra trabalhar ou virar chacota diante do fandom de pessoas com muito mais visibilidade. A gente sofre três vezes: na hora em que te cometem a violência, na hora que te dizem ‘quem é você pra falar de fulano’ e na hora que te falam ‘esquece’, ‘deixa pra lá’, ‘você é melhor do que isso’… Mas essa conversa teremos mais pra frente”. 

Confira o pronunciamento completo

Fingir que nada está acontecendo seria desrespeitoso com pessoas queridas que foram expostas em uma ação que me favorecia. Então vou falar algumas coisas. Devo essa reverência.
Pois, primeiro de tudo EU NUNCA ESCREVI NADA POLÍTICO OU MILITANTE EM NENHUM TEXTO MEU DO VAI QUE COLA. Mesmo se eu surtasse e escrevesse algo desse tipo, os meus supervisores tirariam do texto. E como somos orientandos a não falar nada nesse sentido, aí sim eu teria uma demissão justa. Mas repito: NUNCA ESCREVI UMA LINHA POLÍTICA OU MILITANTE para o programa supra citado. Me sinto até honrado por acharem que me demitiram por eu tentar levar reflexão aos textos do programa, mas não tinha esse poder e só queria fazer meu trabalho da melhor maneira possível.
Agora nesse momento eu não vou me estender sobre algumas coisas, porque ainda não estou preparado para isso. Não quero que nada do que eu falar tenha auras vitimistas ou revanchistas. Aqui na internet a gente fala A e o disposto ao ódio entende URUBU. Não estou pronto.
Agora, precisamente, nesse momento eu preciso falar uma coisa: Obrigado aos roteiristas que se posicionaram diante da injustiça que fizeram comigo. Se posicionaram por empatia, se posicionaram por humanidade, se posicionaram por generosidade e também se posicionaram por se respeitarem, por se saberem valorosos, importantes e relevantes. Se posicionaram em uma carta aberta, lúcida, profissional e objetiva. Falaram por mim, falaram por eles e falaram por vários outros roteiristas.
Nesse exato momento os roteiristas do mundo estão lutando por direitos, por respeito, por valorização e reconhecimento. Aqui no Brasil nós também temos pessoas lutando pelos direitos da classe e eu sou amigo desses profissionais. Honrado amigo deles.
Obrigado também a ABRA, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AUTORES ROTEIRISTAS que também fez uma carta de apoio a minha situação e a situação dos meus colegas de trabalho.

 

O que aconteceu comigo não pode acontecer com PROFISSIONAL NENHUM, com pessoa nenhuma, mas dessa vez eu tive a voz de mestres me defendendo e se defendendo. Estamos falando dos roteiristas que produzem material para o – atualmente – maior programa de humor do Brasil. Pessoas premiadas, respeitadas, talentosas e muito competentes.
Eu sabia da existência dessa carta, mas nem nos meus maiores sonhos eu imaginei que ela poderia vir a público. Pensei até que ela nem seria entregue porque era algo tão arriscado que eu entenderia se meus amigos não quisessem entregá-la. Emprego está difícil e a gente sabe que sempre há lâminas afiadas para cortar cabeças que se colocam acima da manada. Eu mesmo nada poderia fazer para que ela viesse a público, porque jamais exporia meus amigos e porque se tivesse esses contatos usaria para divulgar minhas coisas que luto para que sejam vistas e consumidas.
Eu preciso reverenciar essas pessoas, honrar essas pessoas. Hoje quem ler o que eles escreveram vai saber que eu não exagerei quando falei sobre a injustiça que sofri, sobre a maldade que me fizeram e que tive que pisar em ovos pra expor, porque o lado mais fraco da corda sempre tem que tomar cuidado pra nunca mais ser chamado pra trabalhar ou virar chacota diante do fandom de pessoas com muito mais visibilidade. A gente sofre três vezes: na hora em que te cometem a violência, na hora que te dizem “quem é você pra falar de fulano” e na hora que te falam “esquece”, “deixa pra lá”, “você é melhor do que isso”… Mas essa conversa teremos mais pra frente.
Agora é hora de agradecer.
É poderoso saber que gente tão magnífica me deu essa luz que sinto que se espalha por muito mais espaços. Muito obrigado mesmo. Do fundo do meu coração. Que meus Orixás e minha ancestralidade nunca os desamparem.
Axé”. 

 

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